Sou Mariazinha, calcinha de renda,
o livro que reflecte saudades e recordações das ilhas do meio do mundo. Atravessando os tempos e mares, estendo-me entre uma infância distante e um presente de distância.
Do mercado “Feira Grande”, onde ao soar a buzina das cinco, Mariazinha saia de gamela na cabeça, pés descalços, para voltar no dia seguinte as cinco da manhã e onde o homem da bandeja de bolo, também ele de pés descalços, arrumava a bandeja vazia para voltar no dia seguinte as dez da manhã com ela cheia de bolo e cheiro a farinha quente, até uma correria, as seis da tarde, em plena praça de Rossio para não perder o comboio que leva a lado nenhum.
Acompanhe-me neste ir e vir entre o ontem e o hoje, entre o quente calor tropical e o frio das manhãs de Dezembro, entre a imensidão do Tejo e a frescura do cantarolar do Rio Papagaio e da Sé guardando a foz do Água Grande.
Rufas Santo [Rufino E. Santo] nasceu em São Tomé em 1959, em plena gravana. Passou a infância no Riboque, tendo estudado em São Tomé e Príncipe, na Escola Primária Vaz Monteiro (actual D. Maria de Jesus), na Escola Preparatória Pedro Álvares Cabral (actual Patrice Lumumba) e no Liceu Nacional de São Tomé (antigo Liceu D. João II). Licenciou-se em Física na Universidade de Havana, Cuba.
Foi professor de Física e Matemática no Liceu Nacional de São Tomé e na Escola de Formação de Professores.
Reside em Portugal (Seixal)
É um dos laureados do primeiro concurso de literatura promovido pela UNEAS (União Nacional dos Escritores e Artistas São-tomenses) com “A Palavra Perdida e outros contos”.