Isolado pela espessura de cor negra, apenas o rosto e pés mantinham contacto com o frio. Os ouvidos, debaixo de água, abafavam o chilrear dos pássaros em excitação, agora indistintos, longe, muito longe. De olhos fechados, o pensamento de Martim também se afastava dos pássaros e das árvores onde se escondiam, bem como dos outros, aqueles que o escarneciam, a sua mulher e a sua filha. Apesar disso, o seu corpo flutuava no mesmo lugar. Martim, apenas com Martim, sem nada sentir. Ficava assim mais de uma hora.
Marco António Nunes Taylor dos Santos Lança, desde cedo que adotou apenas Marco Taylor, como frequentemente o chamavam.
Nasceu em 1973. Depois fez-se homem.
Foi diretor de turma diversas vezes, diretor de um festival de cinema de animação, dirigente associativo, fez mushing anos a fio, teve filhos, plantou algumas árvores para além de muitas outras coisas. Mente inquieta.
Cresceu em Lisboa mas mora no litoral alentejano onde leciona Educação Visual e Educação Tecnológica.
Entre textos com laivos de humor a estórias densas ou mesmo poemas, este livro é uma compilação de textos escritos nos últimos três anos e picos.
Este é o seu primeiro livro, mas prepara já outro infantil de nome A Árvore que Paria Meninos.