Emigrante: aquele ser de coragem, de determinação, que perscruta no horizonte por uma conquista; por algo que possa chamar de seu, seja a liberdade, a independência ou o emprego de sonho que nunca pôde ter.
Aquela pessoa… aqueles milhões de pessoas que fazem crescer as estatísticas da evasão, da fuga pela vocação; que motivam estudos e debates políticos.
Mas no meio de todo o foco em compreender o fenómeno social, quem conta a história por detrás dos números?
Quem fala da fé no desconhecido; ou da respiração compassada, a tomar balanço e alento, para mais um abraço de despedida?
Onde fica o relato daquele turbilhão de emoções que nos percorre ao olharmos para trás, para a família que ficou à beira do controlo de bagagens… e à beira de um acesso de lágrimas em pleno aeroporto?
Nas estatísticas, por mais precisas que sejam, não cabem a fase de adaptação a um novo país, a uma nova cultura e todo o crescimento humano que esse processo traz.
E é esse mesmo o meu objectivo!
Falar dos desafios, do despertar interior, do autoconhecimento, dos momentos difíceis e do poder das novas amizades como um propulsor que nos impele a seguir em frente, mesmo quando desistir parece a única via possível.
Através deste diário de bordo, é esse o meu propósito… e convite.
Convido-vos a partilharem desta valsa de emoções vividas por uma emigrante; uma no meio de milhões, sim, mas com a esperança de que a sua história vos faça reflectir, sorrir e quem sabe comover.
Mais importante, que se identifiquem com circunstâncias pelas quais muitos de vós já passaram.
É com emoção que recordo este capítulo da minha vida passado na Irlanda.
E com este diário de bordo vos convido a bordo dos tempos e contratempos da emigração.
Num capítulo chamado Irlanda.
Inês Furtado, nascida em Lisboa há trinta e dois anos.
Tendo a família e as amizades como grandes alicerces de seus valores, são eles que inspiram e motivam as suas decisões de vida mais importantes.
Um percurso que tem sido feito de forma intensamente vivida e enérgica. Desde muito nova, energia essa expressa através da dança, teatro, escrita e meditação.
Naturalmente atraída pelo trabalho na área social, porém, a vida dá as suas voltas e é numa dessas voltas que surge a oportunidade de emigrar, de novo, mas por uma carreira completamente diferente.
Nesta última jornada como emigrante foi memorável o conhecer a Irlanda e, inesperado, o regresso da paixão pela escrita.
Por agora, de regresso a Portugal para tentar concretizar esse sonho antigo de escrever um livro.
De volta por esse sonho. E tantos outros…