Dentro de mim

Estou num leve pensamento, numa paz compensadora

No momento em que enfrento a minha própria pessoa.

Numa nesga de sonho silvestre como as amoras

Encanta-me o olfato dos desvairados perfumes, que se misturam em transe quando se cruzam.

Num momento estou ali, presente em forma física, noutro vagueio por lugares tão mágicos que a razão desconhece.

Deixo-me levar como brisa de vento, como andorinha na Primavera que revisita os mesmos lugares teimosamente.

Como a gaivota estridente.

Como as ondas do mar que teimam em beijar, a areia fina e pálida.

Veem-me, sim.

Mas eu mesma não me vejo, sinto-me.

Sinto-me fora de onde estou.

O pensar vai longe, tão longe. É omnipresente, e inconsciente.

Não tem forma, não tem cor. Mas o quente da luz que o ilumina dá-lhe um aspeto tão suave quanto a ilusão que me absorve.

E os olhos não mentem, sentem, veem.

Eles estão distantes de tudo aquilo e tão perto do nada.

Nada para os outros seres que não entendem a luxuria de vaguear dentro de si mesmo.

Nasci na Maternidade Alfredo da Costa a seis de Janeiro de mil novecentos e setenta e quatro. Morei em Gondomar os primeiros treze nos da minha vida. Vivi vinte anos em Loures, e há sete que moro em Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos. Terra mágica.

Sou mãe de três pessoas fantásticas, das quais muito me orgulho.

Adoro livros! Acho o livro algo de especial, uma peça por si só, maravilhosa.

Um livro, é o passaporte dos pobres.