Sobreviver…
É seguramente um ato de coragem…
Tradução de um passado…
A inconstância de um presente…
Num futuro temido…
No respiro dos mortais…
Existe um nome…
Um sobrenome…
E pouco mais…
Crescer é uma regra!...
Ajoelha-se a dor…
Desacreditei no Ser Maior…
Perdi o chão…
Construí uma jangada…
E fui por aí…
Olhando o nada…
Vi tanto!...
Tudo se foi…
Num expresso de fumaça…
Pensei!...
E porque a vida sou tão eu…
Por quem me tomas solidão?...
Comprometida eu sou…
Viajo no destino…
Na mala as lembranças…
Na alma o sorriso…
A paz na algibeira…
A coragem uma condição!...
A voz… A razão pra sonhar…
O mar é o meu céu!...
O céu é o meu mar!...
Peregrina na embarcação da vida…
Implorar não chega!...
Quero viver…
Enquanto estou viva…
Há sempre uma nova Primavera!...
O Mundo nos pés…
Dorme a noite no ombro cansado…
Em passos acetinados…
Nas vestes de um anjo…
Mãos rasgadas de dor…
Gritei!...
Deixem passar a voz…
A vida mostrou-me misericórdia!...
E eu decidi vivê-la…
Uma fita de longa duração…
Quem fui… Quem sou!...
Sou o que sou…
Um coração que bate…
Uma alma que respira…
A incerteza é inestimável…
A determinação intransponível!...
E eu pensei…
Viver… É somente respirar!...
Agasalhei o corpo…
Escutei o coração… Falar de amor!…
Abri os olhos… Encontrei a paz!...
Num sopro perfumado…
Os sonhos ganham vida!...
Pulei a cerca…
Abracei o amor…
Ganhei ao tempo!...
O momento… O meu!...
Escrevi o livro…
Que a vida não leu!...
Cartas marcadas…
Amanhã ou depois… Como será?...
Uma porta entreaberta?...
A vida é uma reserva…
Irei vivê-la… Prometo!...
No pátio do Mundo…
Vastidão intocável!...
Num rasgar de olhos…
Há cheiro a terra e a mar!...
Melodias… E poetas!...
Gente que sente… O amor e a dor…
Que grita quando nasce…
Gente que morre de pé!...
Na curva do tempo…
O café e um cigarro…
O grito calado… A Fé o sustento!…
Momentos de oração…
Já faz tempo!...
O Mundo é redondo…
O voo das aves…
Respiro o sossego!...
E o passado… Não lembro mais!...
Haja tempo…
Não que eu queira ser mais…
Mas ser um pouco mais…
De tudo o que sou…
Do que vejo… E não enxergo!...
Do que sinto… E não expresso!...
Num Mundo que é cego…
Já faz tempo!... Que o eco era surdo…
Já não é mais…
Expiro selvagem…
Onde um Deus Maior que os homens!...
Repete descaradamente…
Almas viajantes… Saciemos o ser…
O estar e saborear…
Espaço ou matéria…
Imortalizará este meu sentir…
Filomena Vilas Boas nasceu a 4 de Agosto de 1964 em Massarelos, na cidade do Porto.
É filha de um Pintor das Belas Artes, José Vilas Boas, e de Maria Amélia Batista, doméstica, com mais quatro irmãos, sendo um deles seu gémeo.
Frequentou a Escola Artística Soares dos Reis, mantendo sempre a escrita como um dos passatempos prediletos.
Com 22 anos conclui um estágio no Hospital Geral de Santo António no Porto e segue a carreira de Técnica de Radiologia.
Aos 24 anos casa e é mãe aos 25 anos do primeiro filho, voltando a ser mãe aos 36 anos.
Decide, nesta altura, mudar de vida profissional e torna-se empresária.
Após a trágica morte da mãe, por erro humano, conclui o curso de Técnica de Geriatria.
Com 51 anos põe fim a um casamento com 27 anos de duração.
Sonhadora por natureza e determinada na sua essência, sempre uma apaixonada pelas letras, mantém a escrita como um refúgio. Assim, decide criar as suas páginas no Facebook e começa a publicar em “Momentos”, “Momentos II”, “Palavras que visto” e “Expresso das Letras”. No espaço de um ano e meio reúne, aproximadamente, quatrocentos seguidores e cerca de 1460 visualizações.
Fazendo justiça a uma das suas características mais vincadas afirma que o “sonho não morre”, sendo um dos seus objetivos a publicação de um livro, como concretização desse mesmo sonho, como registo revelador da sua inquietude, irreverência e muita determinação nas escolhas.
Deambulando pela poesia, coloca-nos perante os primeiros Momentos que desdobra em Momentos II, vestindo-se de Palavras que a fazem embarcar num Expresso das Letras.