Fui só sentindo e deixando as mãos escrever quando me sentia aturdida de tanta emoção. Ao fim de 40 anos tinha motivos para me perder de amores e aceitar que me podiam questionar sem que isso nada dissesse sobre mim. Sem sequer imaginar que o, que vem vestido de amor nos pode revelar segredos sobre nós mesmos e trazer grandes aprendizagens sobre a forma como vemos a vida. Deixei-me levar ao som do que decifravam as lágrimas, do que dava significado à agitação interna e me fazia render à plenitude do conforto e da paz.
Não partiste da mesma forma como chegaste. Chegaste de rompante e arrastaste-me, de forma consentida, por tudo o que eram certezas desfeitas e dúvidas escancaradas a céu aberto. Partiste sob a obrigação da escolha, pela vida, de um coração com batidas certas e organizadas.
E hoje, a ampulheta do tempo só espelha que ficaste encerrado no passado, adormecido na gratidão dos ensinamentos, que aprendi através de ti, e no amor que cresceu por mim.
Nasci em Lisboa a 6 de fevereiro de 1979, e desde cedo que o diário foi o meu refúgio para registar emoções camufladas no dia a dia.
Médica veterinária e nutricionista de formação, mantendo o exercício da profissão ao cuidado dos animais, quiseram as reviravoltas da vida que voltasse a encontrar nas palavras o meu escape para um mundo, muitas vezes sentido de forma ansiosa, por percecioná-lo de forma tão diferente do que sinto como verdade.
Apaixonada pelas emoções e quase capaz de viver delas ao som de uma banda sonora, que acredito daria mais encanto à nossa existência, é neste reencontro com a escrita que sinto o presságio de uma fase de autenticidade e rendição à vida.