Os filhos, criamo-los nossos para o mundo e depois, … para o bem ou para o mal, o mundo os leva e engole, na procura do «sentido da vida».

Dois tempos, duas gerações, dois homens trilham seus caminhos em dois mundos de valores e princípios tão distantes, diversos e antagónicos, na eterna busca da felicidade. E se a um caminho, poderemos chamar de simplicidade de existir:

«Toda a vida foi pedreiro. Mas bom! Nunca se sentiu apenas pedreiro.»

Ao outro, chamemos apenas de ambição:

«Ia ser o dono do mundo! Ou pelo menos de um bocado dele…»

Encontra-a sem procurar o primeiro. De costas para ela, não a reconhece o segundo, não a atinge e, na sua incessante e insatisfeita busca do querer, pelo ter, ele encontra o ter, sem o querer.

Nascido um no sonho de vida do outro, eles foram pai e filho em caminhos opostos e é no livre-arbítrio e sua escolha ilusória, extinta já para um a luz dos anjos, para o outro a escuridão dos seus demónios, que se encontram depois do fim.

Nascido no Alentejo nos anos sessenta, cresce e vive a adolescência, cortada a meio pela revolução de abril, já em Lisboa, para onde a procura de melhor futuro trouxe a família, feita na transição em monoparental. Sem moradia própria, mãe doméstica e interna, faz-se adulto em casa alheia. Frequenta o liceu, sonha com o jornalismo e o poder da palavra escrita, mas as dificuldades económicas trocam-lhe a porta do académico pela do exército.

Tudo tem o seu lugar, tudo tem o seu tempo. A viver hoje na margem sul do Tejo, montra viva do seu trabalho e formação em prol do ambiente, é talvez na corrente e força do rio que comtempla que recupera o sonho de escrever, sobre o que mais o fascina e inquieta: o Homem e a Sociedade.