Eis aqui um relato na primeira pessoa que constitui um contributo para melhor compreender os movimentos sociais em Portugal na área do sindicalismo democrático, antes e depois do 25 de abril de 1974. Contextualiza, em particular, o movimento sindical na área dos serviços, mais propriamente no setor segurador, e a forma como sindicatos, dirigentes, trabalhadores e patrões se posicionaram nas relações coletivas de trabalho.
Os excertos contidos na publicação têm como propósito evidenciar a importância que o movimento sindical e os sindicatos tiveram, ao longo dos tempos, na defesa dos direitos dos trabalhadores e na construção daquela que é hoje a estrutura social e normativa, que carateriza os intervenientes que fazem parte da negociação coletiva e garante aos trabalhadores, através das estruturas sindicais a que pertencem, participarem da defesa dos seus legítimos interesses, não esquecendo, no entanto, os desafios colocados à sociedade em geral, pela iniquidade das políticas que, ao invés de caminharem no sentido da solidariedade e no estreitamento do fosso entre ricos e pobres, antes o agrava.
Igualmente aborda a reflexão sobre os desafios colocados aos sindicatos e seus dirigentes, face à transformação do mundo laboral que tem vindo a ocorrer, aos quais, na opinião do autor, o movimento sindical não tem dado a melhor resposta.
Aos 69 anos, Carlos Marques reformado da atividade seguradora, alcança agora o mesmo estádio no sindicalismo mais ativo. Associado do sindicato desde 1965, ano em que iniciou a carreira, no dia 1 de maio, percorreu no seu percurso profissional todas as categorias profissionais, desde paquete até diretor coordenador, primeiro na Companhia de Seguros Sagres, depois na seguradora Império (onde esteve na maior parte do tempo), terminando em 2008 na Fidelidade.
Delegado de secção em 1972 junto da Comissão Interna de Empresa, membro da CT da Império, entre 1975 e 77 (em 75 ainda estava no serviço militar, iniciado em 1973), delegado sindical em 1978, eleito para a direção (então designada por secretariado) em 1980, interrompeu seis anos mais tarde, por divergências com o então secretário-geral do sindicato. Em 1992 voltou como vice-presidente e em 1999, por falecimento do presidente, assumiu interinamente as funções até às eleições ocorridas nesse ano, nas quais foi eleito presidente. Reeleito, até hoje, em sucessivas eleições, é, por inerência, membro do secretariado da FEBASE e da UGT.
Casado, dois filhos, quatro netas e um neto, apresta-se neste momento, em que uma das páginas da sua vida será virada, a percorrer outra, a via académica, na qual prepara a conclusão da licenciatura em ciências sociais.