Que relação existe entre o I Concílio Ecuménico de Niceia, realizado no ano 325, e a Inteligência Artificial? Que relação existe entre a realidade aumentada tecnológica, e os princípios arquitectónicos da fé cristã? Que relação existe entre a civilização cristã e o progresso tecnológico pós-moderno? Responder a tais questões é o objectivo deste ensaio, sobretudo, pretende actualizar a memória histórica de um milénio esquecido.
Porque a Inteligência Artificial está muito longe de ser uma novidade do século XXI, ela está identificada nos Evangelhos e foi debatida no século III da Era Cristã. Pretende-se aqui mostrar de que forma os Padres da Igreja enfrentaram a questão do mundo virtual, de que modo responderam àquilo que hoje volta a ser um problema civilizacional; pode a Inteligência artificial sepultar definitivamente o legado cristão e oferecer ao mundo uma forma de redenção, inimaginável, da humanidade? Foi neste sentido que o Papa Francisco propôs a convocação de um Ano Santo para 2025 e a reavaliação dos debates ocorridos no início do século IV, em Niceia. O anúncio começou a ser feito com grande antecipação a fim de preparar o Jubileu dos 1700 anos deste primeiro Concílio. Trata-se de uma proposta que permite avaliar o mundo digital à luz dos argumentos introduzidos pelos Padres da Igreja, que já no século III enfrentaram as categorias de pensamento e o modelo arquitectónico do mundo virtual. Por isso, o Papa desafia o mundo a revisitar a mudança de época e civilizacional, ocorrida nos primeiros séculos da nossa Era, e a repensar a forma como se realizou a transição do mundo Antigo e helénico para a nova Criação, que despontou no contexto geopolítico do Império Romano em declínio.
Face a isto, que espera o Papa Francisco das mulheres? Essencialmente, que devolvam o sentido da esperança ao mundo, elas, que têm a capacidade da paciente gestação da humanidade em todos os tempos e circunstâncias, nas suas duas componentes: biológica e espiritual. Francisco sabe que é a Inteligência Artificial que tem roubado o protagonismo à mulher, mesmo antes da gestação da própria Igreja. Que é preciso uma reformulação do pensamento cristão para corrigir o que tem vindo a ser distorcido ao longo dos séculos, sobretudo, neste momento histórico crucial afetado por mais uma drástica mudança de época. O principal objectivo deste ensaio é, portanto, fazer uma releitura do I Concílio Ecuménico de Niceia com a contribuição do pensamento feminino.
Eugénia Tomaz nasceu em Lisboa a 1 de Setembro de 1957. Conjuga na sua actividade profissional a fisioterapia (em apoio domiciliário), as artes plásticas, a escrita e o ensino.
Como pintora realizou várias exposições individuais e colectivas: em Galerias, Museu de Arte Sacra e Etnologia – Fátima, Faculdade de Letras de Lisboa, Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, Convento dos Cardaes e II Salão Internacional de Artes Plásticas 2009 – São João da Madeira. Frequentou o Curso de Conservação e Restauro de Pintura no Instituto de Artes e Ofícios da Universidade Autónoma de Lisboa. Colaborou com a revista do Instituto de Artes e Ofícios da UAL, A Arte do Ofício.
No âmbito da literatura inicia a sua actividade como ensaísta no ano 2000. Conta com algumas publicações literárias: Arte Eterna – Uma Perspectiva transhistórica (Editora Rei dos Livros); A Moda e a Arte – Considerações para o Século XXI (Diel Editora); A Arte na Vida e nos Ensinamentos de Josemaría Escrivá (Editora Rei dos Livros); Ontologia da Imagem – Manual para o estudo da Teologia do Corpo (Editora Encontro da Escrita); Opus Dei Profundo – Desconstrução de um mito (Guerra & Paz Editores).
Na área da comunicação social, foi colaboradora do Jornal Diocesano de Lisboa Voz da Verdade, cerca de dois anos, e do Jornal da Santa Sé L’Osservatore Romano durante três anos, de 2010 a 2013. Neste último Jornal, destacam-se os seguintes artigos: sobre o encontro de Bento XVI com o mundo da cultura, em Lisboa; sobre o encontro do cardeal Gianfranco Ravasi com o mundo da cultura – no contexto do Átrio dos Gentios – em Guimarães; sobre Teologia do Corpo. Conta, ainda, com alguns artigos de opinião publicados na revista Grande Reportagem.
Tem realizado várias conferências com o objectivo de promover uma renovação de linguagens entre Ciência e Religião.