O Mar é uma outra coisa, não se vive nele com pressa nem se sobrevive a ele com medo. E ninguém sabe isso melhor que os Homens do Mar que navegam por águas tantas vezes revoltas sem saber se de lá saem incólumes ou se esses mesmos mares serão afinal a sua derradeira morada.
A vida no Mar é hostil, dura e perigosa. Ainda assim estes bravos Homens quando obrigados a ficar em terra sentem-se como peixes fora de água. Aquela vida entranha-se pela sua pele e parece que deixam de saber viver quando não estão na faina. É vê-los fitando o Mar com olhares perdidos.
E que coragem e que loucura é que leva um Homem a, perante um Mar revolto, se enfiar por ele adentro em embarcações que comparativamente à dimensão dos oceanos mais não parecem que diminutas cascas de nozes?
O Arrais é uma história ficcionada mas ainda assim tão rente da realidade quotidiana destes Homens e com descrições contemplativas de beleza e harmonia que permitem encontrar Poesia onde antes, por mais insistentes olhares que deitássemos a essas vidas, víamos apenas aspereza e agruras.
A escrita de Alves dos Santos neste O Arrais envolve o leitor, transportando-o para a vida das personagens, numa transparência íntima e em ambientes de céu e luz que se vão alterando passo a passo como se fosse o balanço do Mar.
Este é um livro que é também, claramente, uma sentida homenagem do Autor a todos os Homens do Mar e em particular aos de Machico, a sua terra.
Alves dos Santos nasceu a 4 de Fevereiro de 1978, na cidade sul-africana de Johannesburg, mas fez-se gente em Machico, terra onde os descobridores portugueses da bela Ilha da Madeira primeiro firmaram pé.
Aí fez os primeiros anos de escola, sempre rodeado de livros – uma paixão que despertou bem cedo, em forma de leitura compulsiva. Mas deixou-se igualmente encantar pelas ciências exactas, tendo prosseguido os seus estudos nessa área na cidade do Funchal e posteriormente ingressado no curso de Engenharia Eletrotécnica no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
Foi sobretudo o choque com a saída precoce da sua Ilha e o confronto com a realidade, não raras vezes solitária, de uma metrópole como Lisboa que o fizeram passar da leitura para a escrita.
Alves dos Santos tem sido definido como um viajante da alma, um explorador dos enredos humanos e dos terrenos desconhecidos. Nas suas palavras encontramos a beleza de um âmago em efervescência, uma mescla de ar puro com aromas vulcânicos, mas sobretudo o retrato de um homem que vive em conluio com a descoberta, com a verdade e, acima de tudo, com a vida.
Tem várias participações em Antologias Poéticas e publicou em 2014 o seu primeiro livro a solo, intitulado Poemas de Amor e Outros Labirintos.
Alves dos Santos was born in 1978 in Johannesburg (South Africa), and grew up in Machico (Madeira), the site where the Portuguese explorers first set foot upon discovering that beautiful island.
He is a writer who is capable, both in his poetry and his fiction, of erupting courageously into the human spirit and drawing out its hidden truths, its doubts and its fears.
Through his written words, we come across the beauty of a compelling soul, a combination of pure air with volcanic aromas that unexpectedly sucks the reader into the characters’ lives. The reader is led through intimate transparency and a world of changing skies and light. Above all, in Alves dos Santos’ words we contemplate the portrait of a man living a conspiracy where discovery, truth and, in particular, life coexist.